quarta-feira, 30 de junho de 2010

De quanta miséria e desemprego se faz um rico especulador financeiro?

"E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico. "

(Almeida Garrett, in Viagens na Minha Terra)



Nunca nos pareceram tão actuais estas palavras de Almeida Garrett, um liberal do século XIX. Não confundam, claro, o seu liberalismo com os neoliberais contemporâneos que nos impingem a economia como ciência exacta, os mercados como racionalidade suprema e as crises como ilustração da "destruição criativa" e regeneradora do capitalismo.



Nestes tempos em que o capital financeiro dominante, na sua infinita e insaciável voracidade de acumulação privada de riqueza, deita mão de tudo - do sobe e desce bolsista, do uso especulativo dos fundos de pensões para onde canalizaram as poupanças do trabalho, da invenção de produtos financeiros incontrolados (os derivados, os hedge funds, os swaps) -, para colocar a economia real, as empresas, os empregos, as pessoas (agora despromovidas a "recursos" descartáveis) à mercê duma lógica de capitalismo de casino, vale a pena ver este vídeo pedagógico e divertido sobre o funcionamento dos mercados financeiros e a crise.



Os processos descritos no vídeo entroncam afinal na mesma lógica das "pirâmides de Ponzi" praticadas por especuladores como Magdoff, só condenados publicamente como crápulas odiados quando descobertos e presos, e que há muito esqueceram a ética calvinista do capitalismo original fundada na acumulação de riqueza pelo trabalho (também pela exploração do trabalho, mas essa é outra história). E viva o humor!



(Henrique Sousa, da Direcção da ATTAC Portugal)

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