sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Lisboa por Sakineh — 100 Cidades contra a Barbárie


Um grupo de cidadãos de Lisboa está a organizar um protesto contra a lapidação da pena de morte, apelando pela vida da iraniana Sakineh Ashtiani, inserido no movimento global "100 cidades contra a barbárie".

Sakineh Mohammadi Ashtiani, 43 anos, viúva, dois filhos, condenada à morte na República Islâmica do Irão. Condenada à morte pela República Islâmica do Irão. Condenada à morte por viver numa República Islâmica, com base nisso a que se dá o nome de “lei islâmica” e que na declinação iraniana decreta que as mulheres acusadas de relações sexuais “fora do casamento” devem ser lapidadas. Mortas à pedrada. Com pedras do tamanho certo para que a morte seja lenta e atroz, para que a mulher enterrada até ao rosto possa sobreviver a dezenas de golpes enquanto à sua volta a turba faz pontaria e se congratula com “a vontade de deus”.
Mais de uma centena de pessoas foram assim executadas no Irão nos últimos anos, quase todas mulheres, quase todas por “adultério”. Há pelo menos 15 neste momento a aguardar execução. A outras foi à última hora comutada a pena, de lapidação para enforcamento. Houve alegações nesse sentido por parte das autoridades iranianas: esta mulher iria afinal ser enforcada. A morte, menos atroz, menos bárbara. Mas a morte.
Quarta-feira, 25, o tribunal reuniu mas parece não ter chegado a uma conclusão. Entretanto, as agências de direitos humanos denunciam que nos últimos meses houve centenas de enforcamentos no Irão e que estão milhares de pessoas no corredor da morte. Pelo menos 135 são menores. Os crimes em causa vão do homicídio à homossexualidade, mas também presos políticos têm sido executados. Em Dezembro de 2009, o Irão opôs-se a uma resolução da Assembleia da ONU que propunha a suspensão das execuções.
Sim, morre muita gente todos os dias. Morre muita gente executada, muita gente torturada, e não só no Irão. Gente condenada por regimes iníquos a nem sequer ter nome num túmulo. Gente cujo rosto nunca veremos, nunca fará cartazes, nunca povoará manifestações à volta do mundo. Sim, é assim. Tantas as tragédias, tantas as vidas à mercê, tanto o terror, a injustiça, a barbárie, tantas as celas escuras onde se tortura e mata, tantos os gritos e as lágrimas e as súplicas de que nunca saberemos e de que talvez não queiramos saber, tanto tanto por fazer, por acudir e nós sem sabermos como.
Sim, precisamos talvez de uma ocasião assim, de uma causa assim, de um nome e um rosto para nos sentirmos justos e capazes, para sentir que não somos indiferentes. Precisamos de Sakineh como ela de nós.
Precisamos de te dizer isto, Sakineh: que, dependa de nós, e a nossa voz, o nosso não, a nossa fúria, a nossa vontade e exigência moverão as montanhas que nos separam e os poderes que te condenaram, moverão até os deuses, se deuses houver para mover.
Vamos fazer de Lisboa uma das 103 cidades que no sábado, 28 de Agosto, da Austrália à Finlândia, do Brasil ao Iraque, da Turquia à Índia, se unem em resposta ao apelo do International Committee Against Execution (http://notonemoreexecution.org/100-cities-against-stoning), num protesto global contra a lapidação e a pena de morte, e apelando pela vida de Sakineh Mohammadi Ashtiani. É às 18 horas, no Largo Camões. Contamos todos.

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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Lisboa contra a Lapidação :: 28 de Agosto, 18H00

Um apedrejamento é sempre um acto vil. Seja onde for, seja porque for. É uma condenação à morte, deliberadamente cruel, dolorosa e humilhante.
No Irão, pelo menos 150 pessoas foram vítimas desta prática nos últimos 31 anos, sobretudo mulheres. E não vale a pena argumentar com diferenças culturais, porque, opiniões à parte, não consta que haja mulheres voluntariamente apedrejadas em nome da identidade religiosa. E mesmo se as houvesse, seria essa a linha absoluta entre respeito pela diversidade e respeito pela dignidade humana.
Perante uma mulher à espera do dia em que será enterrada até ao peito e bombardeada com pedras certeiras, enumerar todos os crimes de quem se diz inimigo do Irão não é um acto de clarividência política, é fechar os olhos a um crime. E um crime é um crime, seja ele cometido em Teerão, na faixa de Gaza ou em Guantanamo. Aliás, enquanto houver mulheres a morrer assim no Irão, Israel continuará a matar impunentemente na Palestina e no Líbano, e mais serão os que acham admissível bombardear populações civis e torturar presos anos a fio em prisões ilegais. É todo um círculo vicioso de morte, tortura e guerra, em que as vítimas são sempre quem menos contribuiu para o conflito. Como Sakineh Ashtiani e os outros 25 no corredor da morte de pedra no Irão.
Se é verdade que o silêncio não atira pedras, ele pode fazer-nos cúmplices. Ignorar o que vemos, ouvimos e lemos é sempre uma opção, escudada ou não em retóricas absurdas; mas podemos sempre fazer a nossa contra-intifada de indignação perante o sofrimento alheio. E não estamos sozinhos nisto. No próximo dia 28, Lisboa será uma das 100 cidades de todo o mundo contra a lapidação. Em vez de pedras contra pessoas indefesas, vamos atirar milhares de grãos de areia à engrenagem da tortura e da pena de morte. Já vimos que funciona.
Dia 28 de Agosto, às 18h00, no Largo de Camões. Passa a palavra!


Mariana Avelãs, da direcção da ATTAC Portugal

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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A “caixa negra” do poder político e o filme “O Escritor Fantasma”

O “Escritor Fantasma”, do realizador Roman Polanski, é uma interessante abordagem ao interior da “caixa negra” do poder político e do seu exercício, tendo como referência o blairismo e o modo como atrelou o trabalhismo ao unilateralismo imperial de Bush. Na sua estória bem contada ilustra a urgência de não ficarmos pela superfície das águas. Para não acabarmos, também nas esquerdas, prisioneiros de um jogo de espelhos e de sombras, aceitando fatalisticamente a subordinação a poderes cada vez mais distantes e menos legítimos que vamos desistindo de controlar.

Esta obra convoca-nos igualmente para a reflexão sobre o modo como o casamento do capitalismo com o modelo político demoliberal está a reduzir este modelo de representação política a uma carapaça formal, cada vez mais instrumento legitimador das oligarquias e redutor da cidadania.

Gostei. Recomendo.

Como aperitivo, aqui fica o trailer legendado e oficial do filme. E como bónus, a sátira musical de George Michael sobre a dupla criminosa Bush & Blair que tanta polémica suscitou quando apareceu, pela sua representação de Blair como o caniche de Bush.

Henrique Sousa, da Direcção da ATTAC Portugal







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sábado, 14 de agosto de 2010




Em Lisboa, no Museu da Electricidade, uma Exposição sobre o POVO, integrada no programa do Centenário da República. Que nos convoca para uma reflexão e uma visita estimulantes aos múltiplos conceitos de povo e do seu uso e à história deste sujeito político colectivo. E nos convida para ver a nossa história humana e a construção do nosso devir a partir dos olhos e das vidas dos de baixo, dos comuns, e não só pela narrativa e protagonismo das elites. Povo e democracia. Povo e res publica. Povo e soberania. Povo e acção colectiva. Povo e nação. Povo e classes sociais. Povo e indivíduo. Povo e cidadania. Tantas dimensões para explorar e compreender(mo-nos) melhor.

Como é referido na apresentação da exposição, a pergunta «O que é o povo?» serviu de linha orientadora a este projecto "que propõe ao público/povo de hoje várias respostas possíveis através de uma nova reflexão visual, estética, simbólica, sociológica e política sobre a génese e a evolução do conceito de POVO".

Esta exposição articula-se com a edição pela Tinta da China de três livros cuja leitura se recomenda:
Como se faz um povo, ensaios originais de investigadores portugueses acerca das práticas e representações populares, com apresentação e coordenação do historiador José Neves;
A política dos muitos (povo, classes e multidão), antologia de textos teóricos de filósofos e cientistas sociais, com coordenação e introdução de Bruno Peixe e José Neves;
O que é o povo? , colectânea de depoimentos de artistas, políticos, empresários, gestores, jornalistas e desportistas a propósito do conceito de POVO.

Como complemento destes textos, aqui deixamos outra sugestão de leitura, que aborda a história humana entendida como a narrativa da construção de sociedades complexas pelas pessoas comuns: A People´s History of the World, de Chris Harman. Infelizmente ainda sem tradução portuguesa.

Uma exposição e recomendáveis e enriquecedoras leituras de Verão, para preparar a rentrée e enfrentar a nudez crua da realidade com vontade de dar a volta a isto.
(Henrique Sousa)


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Depois dos anéis, também os dedos?

Que o Verão e as férias não nos façam esquecer as coisas importantes do nosso futuro colectivo. A CGTP tem em curso uma campanha contra as privatizações na base da subscrição de uma petição colectiva. Vale a pena apoiá-la!

Se alguns se deixaram comover sobre as intenções do Governo de Sócrates neste domínio, depois da sua intervenção invocando o interesse nacional no conflito entre PT e Telefónica acerca da Vivo, desenganem-se.

É a política de uma no cravo, outra na ferradura, mas sem abandonar o rumo. Tal como a proclamada defesa verbal do Estado Social e a política de facto dos cortes sociais aos que mais precisam e o continuado desgaste da sua universalidade. Que a Comissão Europeia, a Alemanha de Merkel e o FMI já explicaram ao que vêm e o que querem e o PEC do bloco central de interesses não engana.

O recente anúncio do Governo de que vai avançar na venda de parte das acções do Estado na Galp e na EDP mostra bem como permanece fiel à orientação de entrega ao grande capital de sectores estratégicos e de rentabilidade assegurada e protegida no mercado interno. Sempre com o argumento pífio do combate ao défice. Que não se viu quando foram enterrar 450 milhões de euros de todos nós no BPP e alguns milhares de milhões via CGD no BPN, sem garantias suficientes de retorno e protecção dos recursos públicos, como se está a ver.

Estão a acabar os anéis, vão a seguir os dedos?

Todos podemos fazer algo. Como, por exemplo, assinar esta petição (ver aqui).

(Henrique Sousa, da Direcção da ATTAC Portugal)

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Economia em ritmo de Verão

Em tempo de férias (para alguns), aqui ficam dois vídeos bem humorados que nos ajudam a reflectir sobre a causa das coisas nesta crise que nos deprime.
O primeiro, é uma análise de David Harvey, do ponto de vista marxista, sobre as crises do capitalismo.
O segundo, em ritmo hip hop, exprime o confronto entre as teses de Keynes e de Hayek. E sendo óbvio que a nossa simpatia não vai para Hayek, inspirador da Escola de Chicago, do thatcherismo e do neoliberalismo em nome da liberdade dos mercados, este vídeo ilustra bem a força e actualidade das ideias cujo confronto se projecta no tempo presente, apesar dos seus autores terem partido há muito.
Embora não possuindo tradução portuguesa, são pedagógicos, divertidos e valem a pena.

(Henrique Sousa)






Hayek contre Keynes

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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

É tudo uma questão de fé

Netanyahu entende que Israel cumpriu o «Direito Internacional» no ataque à frota de ajuda a Gaza. Pois... No fundo, é uma questão de fé tão válida como acreditar-se que Israel é a terra prometida.
(Imagem: Morcegos)

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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Flexibilização é a tua tia, será?

No mesmo dia, duas notícias sintomáticas: “Portugal é o país da Europa com mais contratos a termo” e “Desemprego aumenta em Lisboa e no Porto”. E o mais bizarro é que, perante isto, muitos continuem a sublinhar que precisamos é de mais flexibilização… Comentários para quê?
(Imagem: Abnoxio)

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