segunda-feira, 31 de maio de 2010

Apelo a protestos contra o ataque israelita à flotilha de ajuda humanitária para Gaza

Várias organizações de solidariedade com a Palestina, e de direitos humanos, estão a organizar para hoje, segunda-feira, dia 31 de Maio um protesto frente da Embaixada de Israel.

O bloqueio de Gaza e a toda a violência associada ao cerco do povo palestiniano são condenáveis à luz do direito internacional e, ainda mais importante, chocam a consciência da humanidade.

Face à impotência da comunidade internacional em impôr a sua vontade a Israel, para fazê-lo respeitar as suas normas e o direito de Gaza a viver, cabe a pessoas de consciência de actuar.

Assim, um conjunto de mais de 700 activistas de direitos humanos dirigiam-se à Gaza numa flotilha de barcos carregados apenas com ajuda humanitária para tentar romper o cerco desumano de Gaza.

Israel referiu-se à flotilha como “provocação” mas são os líderes de Israel que estão a provocar a comunidade internacional com a manutenção do cerco e bloqueio de Gaza!

O ataque israelita à flotilha de ajuda humanitária em que morreram pelo menos 19 activistas é um acto particularmente repugnante e merece o nosso mais veemente protesto.

Vimos por isso apelar às pessoas de consciência e a todos que prezam o direito internacional para se juntarem aos protestos, como o de Lisboa hoje.

Hoje, segunda-feira,
às 17h30, frente à Embaixada de Israel
(Rua António Enes - metro Saldanha)


Comunicado da CNA-TRP de 31 de Maio de 2010
A Comissão Nacional de Apoio do Tribunal Russell sobre a Palestina vem por este meio exprimir o seu profundo choque e protesto pela agressão da marinha israelita esta manhã contra a flotilha de barcos vindo de Europa em direcção à Gaza com ajuda humanitária.
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O recurso à violência por parte do Estado de Israel contra este conjunto de activistas pelos direitos humanos em Gaza reforça o seu bloqueio ilegal de Gaza e acrescenta mais um crime ao longo rol de infracções do direito internacional cometidas por este Estado contra o povo palestiniano.
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Video da Al Jazeera sobre o ataque israelita

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sexta-feira, 28 de maio de 2010

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer!

E porque amanhã é sábado e dia da manifestação nacional da CGTP, aqui fica a lembrança estimulante duma bela canção de Geraldo Vandré - Pra não dizer que não falei das flores - que permanece inteiramente actual e nos convoca para a acção colectiva, se queremos libertar as nossas vidas da ditadura dos senhores do dinheiro (os venerados mercados financeiros) e dos seus servidores no poder político.
(Henrique Sousa, da Direcção da ATTAC)


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quinta-feira, 27 de maio de 2010

A ATTAC apoia!

Como não podia deixar de ser dado o panorama actual, a ATTAC apoia e apela à participação na manifestação nacional convocada pela CGTP.

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Marcha do Orgulho LGBT 2010 (Lisboa)

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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Uma taxa sobre as transacções financeiras em proveito dos povos e do planeta!



Uma campanha da rede internacional da ATTAC

A luta contra a pobreza, a garantia e preservação dos bens e serviços públicos à escala mundial, reclamam urgentemente novos meios de financiamento. O combate à fome e à insegurança alimentar, às pandemias, às doenças ainda hoje subestimadas, à desregulação climática, à precariedade energética, bem como o acesso à educação, à saúde e a uma habitação decente e a protecção da biodiversidade, exigem desde já a mobilização de elevados recursos financeiros para que seja possível pôr em prática, à escala do planeta, as políticas globais capazes de contribuir para a realização dos direitos económicos e sociais fundamentais.

Acreditamos que é tempo de converter a actual crise financeira numa oportunidade para todos, que é tempo de agir em defesa dos interesses dos povos e do futuro do nosso planeta.

A ATTAC Portugal convida-vos a subscrever esta petição dirigida aos Governos dos países do G-20, que reunirão em Toronto nos próximos dias 26 e 27 de Junho, e a colaborar na divulgação e adesão a esta campanha internacional!



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segunda-feira, 17 de maio de 2010

A entrada de Israel na OCDE: um sinal de capitulação

A Comissão Nacional de Apoio ao Tribunal Russell sobre a Palestina acaba de tomar posição junto do Governo, do Presidente e da Assembleia da República contra a intolerável deliberação dos 31 países membros da OCDE, incluindo o Governo português, de aceitarem a adesão do Estado de Israel, apesar de a política deste ofender os princípios e valores fundamentais definidos na Convenção fundadora da OCDE e de não respeitar sequer as exigências feitas por esta organização, no processo de apreciação da adesão, de não misturar as estatísticas relativas ao território daquele Estado com as relativas aos territórios palestinianos e da Síria que ilegitimamente ocupa. Ver também aqui o artigo hoje publicado sobre este assunto no jornal Público, assinado em co-autoria por mim e por mais dois membros da Comissão Nacional (Alan Stoleroff e Domingos Lopes).



(Henrique Sousa, da Direcção da ATTAC Portugal)

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sexta-feira, 14 de maio de 2010

Hoje é o primeiro dia...

Não, não é para divulgar aqui essa bela canção de Sérgio Godinho que nos lembra como o tempo de vida é um bem precioso e escasso e como é primordial a sabedoria pessoal no seu uso e nas escolhas que fazemos.

Mas, como o papa que veio cá citar o Cerejeira e recitar parte da missa em latim já está de saída, as insustentáveis tolerâncias de ponto em tempo de crise já passaram, Fátima foi ontem e o título do Benfica já foi, talvez a partir de agora haja mais tempo e disponibilidade, e menos ruído nos média, para que cada um de nós acorde para a necessidade de lutar pelos nossos direitos e pelo nosso futuro colectivo, sem o hipotecar aos zigue-zagues do bloco central de interesses dos poderosos.

E porque amanhã é sábado, aqui fica uma bela canção por Aimée Mann (lembram-se do filme Magnólia?), que nos interpela a abrir os olhos, acordar e não desistir, da nossa felicidade individual como da participação cidadã no nosso futuro colectivo (ver o poema aqui). O que afinal até liga bem com a canção do nosso Sérgio Godinho.





Henrique Sousa (da Direcção da ATTAC Portugal)

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quinta-feira, 13 de maio de 2010

The Visitant

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segunda-feira, 10 de maio de 2010

Dossier “Há mais vida para além do PIB”

As razões e os documentos de um debate necessário iniciado com o Colóquio da ATTAC em 16/01/2010

A ATTAC, com este Colóquio, abriu o debate público em Portugal sobre os indicadores de medição e avaliação do desenvolvimento das sociedades humanas e a necessidade de serem estudados indicadores complementares ou alternativos do PIB, dadas as reconhecidas limitações deste indicador quantitativo. Como os contributos recolhidos nesta iniciativa comprovaram, este não é um debate neutro ou à margem dos interesses em conflito na sociedade. Os indicadores usados influenciam e justificam as políticas públicas. Esperamos que a nossa iniciativa estimule novas reflexões e estudos e uma participação alargada dos cidadãos e dos movimentos sociais no debate desta temática, que influencia profundamente as escolhas relativas ao nosso futuro colectivo.

Colocamos agora à disposição de todos os interessados um dossier contendo variada documentação sobre este debate, designadamente as intervenções e apresentações de quase todos os economistas participantes no painel do Colóquio: José Maria Castro Caldas, José Francisco Carvalho, Gualter Baptista e Manuela Silva (que publica este mês um artigo na edição portuguesa do Le Monde Diplomatique sobre a temática em questão). No dossier encontra-se também disponível o sumário das conclusões da Comissão Stiglitz que estudou esta temática e os contributos dos economistas L. Dowbor e J. M. Harribey.
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Os interessados poderão encontrar este dossier, consultar e aceder a esta documentação em www.attac.pt:

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sábado, 8 de maio de 2010

Privatizações: uma história mal contada e a verdade que é preciso conhecer


Sabe-se que o PEC, apoiado pelo "bloco central de interesses" do Governo PS e do PSD, prevê, entre as suas medidas mais gravosas e ruinosas, um conjunto de privatizações de empresas públicas e participadas com capitais públicos, o que é aliás criticado por economistas de diversos quadrantes pelo seu desnorte e por significar a venda ao desbarato de bens públicos em nome do sacrossanto défice, mas com prejuízo maior para o futuro do País e para as suas contas públicas. A ATTAC tem conduzido aliás uma oportuna campanha pública contra a privatização dos CTT, que poria em causa a qualidade deste serviço público e a sua cobertura do território, se esta empresa pública fosse inteiramente submetida à lógica do lucro.

Vale por isso a pena ler (aqui ) ou ver/ouvir (aqui) a notável intervenção do deputado do PCP Agostinho Lopes, no dia 6 de Maio, que analisou de modo documentado e profundo, na Assembleia da República, o historial das privatizações, desmontou numerosas ideias feitas da propaganda oficial e demonstrou o que significaria alienar algumas das poucas alavancas de que ainda dispõe o poder político em Portugal para influenciar o curso da economia e dos interesses do País, se forem para diante as cedências às imposições neoliberais do FMI, da senhora Merkel, dos mercados financeiros e de uma desorientada e dividida União Europeia.

Henrique Sousa (da Direcção da ATTAC Portugal)

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sexta-feira, 7 de maio de 2010

A comédia da condecoração presidencial de um dos responsáveis da crise na Europa

O Presidente da República Portuguesa condecorou com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique o Governador do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, pelo que afirmou ser a sua " contribuição notável para a elaboração de uma união monetária europeia, no papel internacional do euro e na preservação da estabilidade de preços na Europa".

Suprema hipocrisia esta de ser condecorado em Portugal um dos principais responsáveis pelo agravamento da crise económica e financeira na Europa! O mesmo que, quando a crise do chamado "subprime" explodia nos EUA e contaminava o sistema financeiro mundial, continuava alegremente com a sua receita de elevação das taxas de juro na Europa em nome do sacrossanto combate à inflação (enquanto os EUA as desciam justamente para proteger a sua economia). Que, fidelíssimo executor duma União Económica e Monetária e do garrote do Pacto de Estabilidade e Crescimento, pôs o BCE a emprestar aos bancos a juros de 1% milhares de milhões de euros para os salvar da falência, mas aconselha agora os países da zona euro a serem rigorosos na aplicação de medidas anti-sociais e no apertar do cinto dos seus cidadãos para protegerem as finanças públicas. E que reafirma, como sucedeu hoje nas entrevistas dadas a uma imprensa portuguesa solícita e benevolente, que a função do BCE é controlar a inflação.

É este o Banco Central Europeu, concebido na base duma falsa independência e sem controlo dos poderes políticos eleitos, em nome da orientação monetarista e neoliberal imposta à construção europeia e ao euro pelos grandes países como a Alemanha, que tem como missão o controlo da inflação, mesmo com sacrifício do combate ao desemprego e da coesão social europeia, que não constam entre as suas missões. Que não pode emprestar fundos aos Estados-membros em dificuldades (por exemplo, comprando títulos da dívida pública desses países) e os obriga a recorrer a empréstimos a juros elevados no mercado, para gáudio dos bancos, dos especuladores, das agências de rating e de outros abutres dos mercados financeiros.

É, pois, uma tragicomédia, que um Presidente da República português condecore Trichet, que se tem assumido como um dos principais obstáculos à necessária mudança de rumo da União Europeia para enfrentar com sucesso a crise, evitar o colapso do euro e o risco de desagregação da UE.

Cavaco Silva condecorou um personagem que tem estado na primeira linha das políticas que prejudicam os países da União Europeia com economias mais frágeis e dependentes, como Portugal, e que se tem distinguido como executor das políticas que interessam aos grandes países exportadores, como a Alemanha, que confundem a Europa com os interesses dos seus grupos económicos e financeiros.

Ou seja, um responsável do BCE que tem provado ser um obstáculo às medidas de estímulo ao crescimento, às medidas que tardam de controlo e regulação efectivas do sistema financeiro para pôr fim à ditadura dos mercados, para evitar o retrocesso de todo o processo de construção política europeia, para acompanhar a defesa do euro das necessárias medidas à escala europeia propostas por um número crescente de especialistas que não alinham nas teorias neoliberais responsáveis pela crise: reforço orçamental da UE, alteração das competências do BCE e sua colocação ao serviço do crescimento económico e do emprego, criação de títulos de dívida pública europeus para apoio aos países em dificuldades, criação duma agência pública europeia de rating, reforço da cooperação e coordenação política e económica, etc.

Cavaco Silva deu assim, não só um sinal de subserviência política lamentável face aos mais poderosos, como demonstrou o seu alinhamento com as orientações económicas e financeiras que estão a agravar a crise económica e financeira e a causar um retrocesso político na solidariedade e na construção europeias.

Ficou aliás bem acompanhado nesta sua postura, pelas declarações vergonhosas do ainda Governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, que hoje, piscando o olho à direita, disse à imprensa ver com bons olhos a anulação de importantes investimentos públicos e defendeu a antecipação para este ano do máximo de medidas anti-sociais previstas no PEC sustentado pelo "bloco central" do PS e PSD. Para o futuro Vice-Governador do BCE, Portugal, que é já um dos países há muitos anos com menor crescimento económico e com um dos mais baixos investimentos ´públicos da União Europeia (e é o investimento que pode gerar crescimento e emprego), deveria acentuar e acelerar ainda mais todas as medidas de carácter recessivo e geradoras de mais desemprego, mais injustiça e mais desigualdade social. Como se costuma dizer, "mostrou serviço" ao seu futuro chefe Jean-Claude Trichet e mostrou mais uma vez porque é que, enquanto Governador do Banco de Portugal, esteve sempre tão distraído em relação aos crimes e irregularidades cometidas pelo sistema financeiro e porque foi aceite a sua candidatura ao BCE ("les bons esprits se rencontrent").

Com elites políticas e económicas assim, não vamos lá, não nos safamos!

É preciso e é urgente substituir estas elites que, alternando ao longo dos anos no poder, sempre exigem sacrifícios aos mesmos em nome das crises que as suas políticas geram ou agravam, ao mesmo tempo que vão sempre e sempre concentrando cada vez mais a riqueza e agravando as desigualdades no País já mais desigual da União Europeia.
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Perante estes comportamentos de altos responsáveis políticos, mais vontade nos dá neste momento de proclamar: somos todos gregos!

É preciso passar a palavra e juntar forças, para tornar possível outro rumo para Portugal, para o libertar da ditadura dos mercados financeiros e para regenerar uma democracia política manchada pelo permanente incumprimento das promessas e compromissos e com um poder político capturado pelos interesses económicos.

Henrique Sousa
Membro da Direcção da ATTAC Portugal
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Marcha Global da Marijuana


No mesmo dia, em centenas de cidades de todo o mundo, realiza-se a Marcha Global da Marijuana. Luta-se pela legalização da cannabis para uso medicinal e recreativo, bem como pela legalidade do seu cultivo Neste sábado, dia 8, pelas 16 horas no Largo do Rato, Lisboa junta-se mais uma vez a este movimento global.

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terça-feira, 4 de maio de 2010

Leituras Recomendadas


- Sobre o Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) - Posição do Grupo de Trabalho «Economia e Sociedade» da Comissão Nacional Justiça e Paz - Ver aqui
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- Discurso de Manuel Carvalho da Silva, secretário Geral da CGTP, no 1º de Maio - Ver aqui

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Pecados Capitais

«Quando a crise financeira despontou, com toda a sorte de imprevisibilidade mas de maléficas consequências para as economias, um administrador bancário português afirmou, peremptoriamente, que, a partir dali, nada ficaria como dantes.

Avesso à economia neoliberal, cujo fim adivinhava próximo, pensava que um novo paradigma económico surgiria, sem bem que não conhecesse os seus contornos.

Durante meses e meses, fui assistindo, perplexo, ao desmoronar de uma estrutura financeira e económica baseada no lucro e nos consumos desmesurados. Faliram bancos, encerraram indústrias, aumentou, galopantemente, o desemprego e o endividamento dos estados cresceu para colmatar as dificuldades sociais e empresariais. Tudo isto parecia indiciar a morte do sistema vigente.

Acreditámos estar no dealbar de “um mundo novo”, em que a primazia do homem, do ambiente, da igualdade e da justiça social, presidiriam a uma economia mais solidária, virada para a inclusão de todos os homens numa nova arquitectura internacional.

Havia muita utopia, mas em tempo de crise, há mais facilidade de mudança do que nos períodos de estabilidade e de crescimento.

Este projecto de sociedade, que estaria na mente de muitos cidadãos e governantes até, esbarraram, no entanto, com as fortalezas neoliberais quase intransponíveis. Os senhores do dinheiro – os ricos deste mundo – não foram abalados e continuaram a avassalar Estados e políticas governamentais, recorrendo a grupos de pressão instalados nos corredores do poder da União Europeia e noutras instâncias mundiais.

O capital e o dinheiro não têm rosto, por isso intervêm em tudo quanto redunda em lucro desenfreado. E quando os especuladores caçam a presa, sugam-na até ao tutano.

Este foi um risco que as instâncias governamentais não souberam ou não quiseram anular. Os estados deixaram à solta as operações das instituições financeiras, detentoras do dinheiro de todos nós – ricos e pobres – e agora elas estão a vergar a seu belo prazer, os países mais débeis.

Os entendidos dizem que os países mais frágeis da zona euro estão a ser vitimas dos sanguessugas do capital, que lhes exigem juros altíssimos para saldar as suas dívidas e viabilizarem as economias de milhões de cidadãos.

Perante isto, não deixa de ser condenável a atitude da União Europeia, nomeadamente da Alemanha, pela falta de coragem ou de interesse em apoiar, solidariamente, a situação de alguns países da ZE.

Convulsões sociais

A situação que se vive na Grécia, em Portugal e, quem sabe, proximamente em Espanha, creio que vai ter graves implicações na estabilidade social e segurança de toda a Europa.

Os protestos em Atenas, indiciam que, também em Portugal, os desempregados, os trabalhadores de mais baixos níveis salariais, os reformados e os jovens sem perspectivas de emprego, são estratos sociais vulneráveis a protestos irrealistas ou comportamentos desviantes, por terem os seus direitos afectados.

E não se alegue que somos um país dependente das economias comunitárias e dos seus apoios financeiros de que muito beneficiámos.

Há uma consciência crescente, fundada na convicção de economistas de nomeada, de que, se Portugal não tivesse aderido ao euro, agora estaríamos em situação mais vantajosa para enfrentar a crise. Verdade?

O certo é que, nos próximos tempos, a maioria da população portuguesa, vai conhecer dificuldades maiores que aquelas por que passamos.

Certo é também que os sacrifícios não irão pesar nos bolsos dos mais afortunados, muitos dos quais, das cátedras sempre abertas, criticam as políticas sociais e os gastos desmesurados do Estado, sem perspectivarem saídas válidas para a situação que nos envolve. Esses discursos já não têm aceitação na opinião pública.

O povo quer sentir da UE, do Estado, dos governantes, dos deputados e dos autarcas, medidas efectivas para que rapidamente se encontrem melhores condições de vida.

E não perdoará se os políticos e os mais afortunados não abdicarem de parte dos seus altos salários e mordomias em favor do bem comum.
Esse será o melhor sinal de que estamos todos no mesmo barco.

Abril e Maio aconteceram para mudar a sociedade e a vida das pessoas.
Acreditamos que ainda é possível. “Pelo sonho é que vamos”. »

José Gabriel Ávila
jornalista C.P. 536
http://escritemdia.blogspot.com/
Artigo publicado no Diário dos Açores a 1/05/2010

(Imagem: Sola Scriptura)

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De novo a Portugal SA

"Esta semana, o alarme voltou a soar. A agência de notação financeira (ou rating) Sandard & Poor"s baixou a classificação de Portugal enquanto país capaz de cumprir o pagamento das suas dívidas - isto é, para os mercados financeiros Portugal está em estado de pré-falência. A bolsa portuguesa entrou em colapso. O líder do PSD pediu para se reunir com o primeiro-ministro e as trombetas em defesa da soberania financeira do país tocaram a despique. O acordo de Bloco Central surgiu na terça-feira em torno da ideia de antecipar três medidas do Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) que incidem sobre a fiscalização e o controlo de despesa pública com prestações sociais e a redução do subsídio de desemprego - ou seja, aperta-se o torniquete de novo sobre os que menos podem.

A decisão de uma agência privada que classifica a capacidade dos devedores, sejam privados, sejam Estados, de pagar o que devem não nasceu do nada. Há um mês uma outra grande agência de rating, a Fitch, tinha baixado a sua classificação sobre Portugal. E a semana passada, pela voz de um Prémio Nobel da Economia e pela de um antigo responsável do Fundo Monetário Internacional (FMI), Portugal foi alertado para a possibilidade de entrar em bancarrota. Joseph Stiglitz, Prémio Nobel da Economia, disse que, depois da Grécia, "não se pode excluir a hipótese de falência noutros países, como Portugal ou a Espanha". E o ex-economista chefe do FMI Simon Johnson considerou que "ambos [Portugal e Grécia] estão, em termos económicos, na vertigem da bancarrota e ambos parecem mais arriscados do que a Argentina em 2001, quando sucumbiu ao incumprimento" (PÚBLICO 21/04/2010).

Por sua vez, o FMI colocou Portugal na cauda dos países europeus, afirmando que tem 18 por cento de probabilidades de provocar instabilidade e perturbações na zona euro, quando a Grécia está nos 21,4 por cento e a Espanha, em terceiro lugar, fica a uns distantes 12,7 por cento (PÚBLICO 21/04/2010). A cereja no bolo foi dada pelo mesmo FMI, que reviu em baixa, para 0,3 por cento, a previsão para o crescimento da economia portuguesa este ano, quando o Governo apontara para um por cento no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) para 2010 (PÚBLICO 22/04/2010) - ou seja, diminuem as expectativas de Portugal poder produzir riqueza que lhe dê capacidade de cumprir os seus compromissos. O economista João Ferreira do Amaral ainda disse que "o problema não é Portugal", acrescentando que "a zona euro não foi criada de forma minimamente sólida e não está preparada para situações destas" (PÚBLICO 21/04/2010). Mas surgiu como uma voz isolada no mainstream nacional e europeu, onde ninguém parece minimamente interessado em debater a questão de fundo que está subjacente a esta aparente falência de Portugal e antes da Grécia.

E a questão de fundo passa precisamente por questionar se é normal que os países sejam avaliados e se comportem como se de empresas se tratasse. Já a propósito do Orçamento do Estado para este ano questionámos as pressões das agências de rating, precisamente por causa da sua capacidade de avaliação sobre se Portugal tem condições de pagar a sua dívida.

A questão de fundo não é assim a de saber se Portugal sobe ou desde nas tabelas de devedores. É a de saber se faz sentido os Estados estarem classificados e funcionarem de acordo com regras de mercado como se fossem empresas.

É certo que o problema é geral. É certo que este é o modo de funcionar da política mundial que soçobrou à adoração e à subserviência ao mercado. É certo que a maioria das forças políticas que governam a Europa e o mundo não questionam esta forma de funcionamento. E tudo parecia andar sobre rodas até que a crise internacional veio por a nu as fragilidades do sistema.

Agora o que parece incompreensível é que, perante a exposição crua do que estas regras de mercado provocam, perante a visibilidade explícita de que são meia dúzia de multinacionais financeiras que governam o mundo, ninguém questione e queira reflectir sobre a necessidade de mudar o sistema. Sobre a necessidade de dar aos Estados (nacionais, unidos ou federados, pouco importa) a capacidade de conduzir a sua gestão de forma autónoma desses agentes. Por que razão os bancos que estiveram na origem da crise financeira internacional continuam a ditar as regras e a manter o seu lucro?

Certamente que é preocupante atalhar o problema e tomar medidas para que o país, dentro das regras que tem de jogar, não fique em situação cada vez mais fragilizada. É urgente fazer face à situação de descalabro financeiro. Mas a dúvida que se coloca é a de saber qual vai ser o fim disto. Como vai acabar esta situação internacional em que a economia do mundo passou a ser explicitamente controlada e governada por meia dúzia de empresas financeiras, mais concretamente de bancos, e em que os políticos e os governos dos Estados recebem delas as ordens, as regras e as orientações de procedimento? Repito: até onde vai isto conduzir o mundo? A que ponto é preciso chegar para que estas regras sejam questionadas?

Como tudo parece indicar que a classe política europeia não está interessada ou não pode sequer, pelo grau de submissão ao poder económico que já vive, tentar inverter as regras e o sistema de funcionamento instalado, a pergunta impõe-se: quem é que vai pagar a factura? As empresas? Os que lucram? Ou será que a solução desta crise vai passar novamente pelo apertar da situação dos que menos têm? Será que a solução desta crise, nacional e internacional, vai passar pelo agravar da luta de classes invertida que tem tentado ao longo dos últimos 30 anos retirar direitos a quem trabalha e diminuir a redistribuição da riqueza por toda a sociedade?

Qual vai ser a solução para resolver o problema de dívida em Portugal, depois do sinal dado esta semana pelo acordo entre Sócrates e Passos Coelho: baixar salários? Retirar férias e mais subsídios? Acabar com a saúde e o ensino com carácter universal revendo a Constituição? Já agora, por que não se avança para a taxação real do lucro dos bancos? Insisto: por que razão os bancos têm de manter os seus lucros em prejuízo de toda a sociedade e da soberania de países?"

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Artigo de São José Almeida no Público de 1/05/2010
(Imagem: Trends Update)

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