Contra os "Dupond et Dupont" da economia: petição pelo pluralismo do debate político-económico nos média
É cada vez maior o número dos que estão fartos de levar em cima com a ocupação do espaço público e mediático pelos "bonzos" bem pagos do pensamento único da economia. Os mesmos que (quase) sempre se enganaram, mas nunca têm dúvidas quanto à orientação de apertar o cinto dos "de baixo" e de preservar os privilégios dos "de cima", em nome da acalmia e estabilidade dessa entidade mitificada que são "os mercados", a nova religião que nos querem impingir.
São os novos "Dupond et Dupont", os guardiões do templo do pensamento neoclássico e neoliberal na economia das universidades, às vezes com umas pitadas (cada vez mais ténues e esquecidas) de keynesianismo à mistura. Com passagem por sucessivos governos e administrações de bancos e grupos económicos, frequentemente acumulando escandalosas reformas, e que o poder económico e político usa e compra, quer para explicar as medidas anti-sociais, quer para preparar o terreno para os assaltos seguintes à carteira dos cidadãos comuns.
Sucessivas gerações´de economistas formados neste ambiente académico e mediático ajudam a explicar a tibieza do protesto e da revolta contra a monotonia do discurso neoliberal e o conformismo e passividade relativamente à sua tese máxima de que "não há alternativa". Tese proclamada pela nada saudosa Thatcher ( lembram-se do acrónimo TINA - "There is no alternative" ?) que, com Reagan, protagonizaram e impulsionaram no plano das políticas o neoliberalismo como doutrina da globalização capitalista e do reforço mundial do poder, da concentração e dos recursos do grande capital, depois dos "30 gloriosos" do pós-guerra em que este se vira constrangido aos compromissos do Estado Social entre capital e trabalho nas sociedades demoliberais.
Felizmente que está a surgir um número cada vez maior de vozes lúcidas na Economia (neomarxistas, keynesianos, institucionalistas,...) que, nas universidades e fora delas, provam que há mais mundo, mais ideias, mais ãlternativas e caminhos além dos proclamados pelos sacerdotes do TINA. E uma nova geração aí está a provar que nesta área não se vergam nem acomodam ao situacionismo dominante (é ver, como exemplo, o blogue Ladrões de Bicicletas). É mais que tempo de terem também voz no espaço público e mediático!
Merece por isso todo o apoio a petição on-line pelo pluralismo de opinião no debate político-económico que acaba de ser lançada exigindo que se acabe com esta vergonhosa e ostensiva imposição de um pensamento único nos média, afinal nada compatível na teoria com as credenciais liberais que os seus propagandistas de serviço gostam de ostentar, de modo a que todos os cidadãos tenham acesso à diversidade de análises e opções existentes.
Neste tempo em que nos mergulharam numa espiral suicidária e recessiva de PECs, temos direito e é preciso um debate plural e verdadeiramente contraditório que não nos limite às receitas do costume. Assinem aqui a petição e passem a palavra!
(Henrique Sousa, da Direcção da ATTAC Portugal)
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