Comunicado ATTAC sobre a Cimeira da NATO
CIMEIRA DA NATO 2010 não era o ano europeu de luta contra a pobreza e a exclusão social? 20 de Novembro de 2010 vai ficar na história do mundo como o dia em que Portugal foi o palco do maior conclave das potências ocidentais para tratarem da segurança dos investimentos financeiros especulativos, do controlo das fontes de matérias primas e rede da sua distribuição, da garantia que nada de novo poderá surgir no mundo que não esteja debaixo do seu controlo. Isso através de meios militares como dissuasão e de meios militares como agressão efectiva onde quer que considerem que o mundo não está em vias de obedecer. Para tal, a NATO, em tempo de crise sem paralelo, tem um orçamento para despesas operacionais e administrativas de 2 milhões de milhões de euros ou seja 2 biliões de euros. Portugal dispende aproximadamente 2200 milhões de euros para a pasta da defesa. Uma nação que não tem dinheiro para a saúde, para o ensino e a segurança social, que está a liquidar os serviços públicos e a endividar-se para poder pagar despesas já realizadas, que não está em condições de prevenir adequadamente, assistir em tempo útil e de resolver com o menor prejuízo aceitável os grandes desafios colocados anualmente pelas catástrofes naturais ou provocadas, gasta milhões com tropas no estrangeiro para poder dizer ao mundo que pertence ao círculo das potências predadoras. Mas o mesmo se passa com essas mesmas potências, donas do mundo, que não conseguiram até hoje impor a taxa Tobin, 0,1% sobre as transacções financeiras, o que daria para acabar com a pobreza. Independentemente das alegações da NATO, bastariam estes factos para a tornar num inimigo do bem estar dos povos e da democracia. O chamado novo conceito estratégico a discutir este fim de semana em Lisboa não passa de uma farsa como aquelas a que os EUA, senhores incontestados do comando dos exércitos unidos para a predação mundial, nos têm habituado até ao crime mais abjecto da mentira para justificar uma guerra brutal como foi o caso do Iraque. Trata-se de auto-atribuir-se a capacidada jurídica, moral e efectiva de invadir, destruir, ocupar, matar e impor deslocações forçadas de milhões de vítimas das guerras, onde quer que considerem conveniente colocando a ONU no papel humilhante de se arrastar atrás a avalisar o facto consumado. As novas ameaças a que a NATO se atribui a missão de enfrentar, para justificar uma existência já sem razão de ser desde o fim da guerra fria, são inquetionavelmente do âmbito da sociedade civil: terroristas só as polícias e os serviços de informações é que os apanham. Crimes cibernéticos não se combatem com porta-aviões nem mísseis nem soldados no terreno, combatem-se com técnicos especializados nas polícias. Catástrofes ecológicas pertencem ao âmbito da protecção civil, e a necessidade de recorrer às forças armadas só decorre do desvio dos meios materiais, humanos e financeiros para a guerra e não para a protecção civil. A ATTAC vem, pois, no seguimento das posições que tem assumido, lamentar que Portugal seja anfitrião do conclave ameaçador sobre todo o mundo, seja a sede onde se vão acertar as contas da segurança dos muito ricos e traçar o destino de mais miséria para os povos do mundo. A ATTAC apela, pois, à participação dos seus associados, apoiantes e população em geral, na manifestação que terá lugar dia 20 a partir das 15 horas com início no Marquês de Pombal ao longo da Avenida da Liberdade. Será um veemente apelo à PAZ e uma condenação sem reticências das políticas de guerra e de fome no mundo que são, por isso, inimigas da própria democracia. 18 de Novembro de 2010 ATTAC Portugal
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