sábado, 28 de março de 2009

De Oslo a Cádis: Não vamos pagar a crise

Núcleos da ATTAC de toda a Europa participam em dia de acção global contra o G20

Em vésperas de suposta cimeira financeira global do G-20, que começa em Londres no próximo dia 2 de Abril, milhares de pessoas por toda a Europa estão nas ruas hoje, dia 28 de Março, para exigirem uma sociedade construída com base na solidariedade e para protestarem contra as políticas anti-sociais motivadas pela crise que os seus governos e o G20 estão a adoptar. Estão na em resposta ao apelo para um dia de acção global a 28 de Março lançado no Fórum Social Mundial em Belém, Brasil. Com o slogan «Não vamos pagar a vossa crise», um número significativo de organizações da ATTAC Europa participou activamente na ampla coligação de forças políticas que organizou as manifestações, comícios e acções de rua.
No apelo aos protestos a 28 de Março, a rede europeia da ATTAC reivindica um sistema económico que «sirva as pessoas e o ambiente.» O preço da actual crise deve ser pago pelos especuladores que acumularam lucros astronómicos no passado, não pelos cidadãos. É o sistema que tem de mudar.
«A ATTAC está a mobilizar-se em toda a Europa. Em nome de toda a sociedade civil, a 28 de Março a nossa rede critica os responsáveis pela crise e exige o controlo democrático sobre os mercados financeiros e a protecção das pessoas das consequências anti-sociais das actuais políticas de resposta à crise. Esta assunto ultrapassa em muito as fronteiras nacionais e é uma causa europeia e global», diz Hugo Braun, membro da direcção da ATTAC Alemanha. Enfrentar o desafio global lançado por esta crise requer uma resposta também ela global. O dia de acção global é mais um passo nessa direcção.
Espera-se que a maior manifestação ocorra em Londres, com a palavra de ordem «Primeiro as Pessoas.» Activistas da ATTAC de toda a Europa participar nesta manifestação de protesto. Susan George, presidente honorária da ATTAC França, fala em Hyde Park em nome da Rede ATTAC Europa. «Esta crise é uma crise de todo o sistema mundial – é uma crise de pobreza e desigualdade, de alimentação e agricultura, do clima e do ambiente. Por isso, vamos usar a crise financeira para resolver as outras e vamos começar pelos bancos. Os bancos são nossos!», salienta Susan George.
Na Alemanha, esperam-se dezenas de milhares de pessoas em manifestações em Berlim e Frankfurt am Main, co-organizadas pela ATTAC em coligação com vastas alianças de cidadãos. «A chave para sair da crise rumo a uma economia global estável é uma alteração de rumo em termos de redistribuição da riqueza: dos ricos para os pobres. É preciso implementar novas taxas nacionais e internacionais, e o sistema financeiro deve estar nas mãos do público, fora da lógica dos super lucros», diz Alexis Passadakis, um dos oradores da ATTAC nos comícios.
Depois da impressionante greve geral em França em 19 de Março, os núcleos franceses da ATTAC participam em acções locais em cerca de cinquenta cidades francesas. «O G20 e os governos já mostraram que só estão interessados em salvar o sistema, manter os privilégios de uma minoria e socializar as prejuízos gerados pela crie. Face a isso, é preciso uma grande mudança no sistema e exigimos a aplicação imediata das seguintes medidas: abolição dos paraísos fiscais, novas taxas, particularmente sobre transacções financeiras, limitação de salários milionários e a construção de um sistema bancário e financeiro público», diz Aurélie Trouvé, presidente da ATTAC França.
Na Áustria, uma vasta coligação de mais de duzentas e vinte organizações – incluindo, mais uma vez, a ATTAC – convocou uma manifestação para Vienna. Para Alexandra Strickner, secretária-geral da ATTAC Áustria, «os principais causadores do crash financeiro são quem está agora a preparar o caldo que será servido às classes mais desfavorecidas em cento e noventa e três países. Por isso, os Estados, os parlamentos e os representantes da sociedade civil devem poder participar democraticamente nas conferências globais sobre finanças. É necessário criar uma instituição nova e realmente democrática sob o auspício das Nações Unidas. »
De Barcelona a Madrid, passando por Sevilha, Granada, Múrcia e Cádis, a ATTAC, juntamente com outros movimentos sociais, organizou protestos nas ruas de várias cidades espanholas. Na Noruega a ATTAC convocou uma manifestação em frente do Parlamento em Oslo, e na Suiça, a ATTAC, integra a grande coligação que promove a manifestação em Genebra.
A ATTAC Portugal está solidária com estas iniciativas e subscreve as exigências as suas congéneres na rede europeia da ATTAC.

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