quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um Governo que esvazia o sentido das palavras nas suas "prendas" de Ano Novo

Hoje foi noticiado, de acordo com a táctica governativa de anúncio diário a conta-gotas das venenosas prendas aos portugueses para o Ano Novo, que serão retiradas em 2011 as isenções de taxas moderadoras no SNS aos reformados e desempregados que recebam mais de 485 euros mensais, o novo valor do salário mínimo nacional.


Justificação televisiva do Secretário de Estado da Saúde (isto não é anedota!!!): é por razões de justiça social, não por razões orçamentais, que o Governo tomou esta medida, pois há reformados e desempregados que têm significativos rendimentos patrimoniais e familiares.

Este governante não sabe certamente o que é viver com 500 euros mensais, pagar medicamentos mais caros, ou viver com a humilhação quotidiana a que são sujeitos os desempregados que ainda conseguem receber subsídio - o "mercado" dos carimbos, as apresentações condicionais e o regime de liberdade condicional, as sessões colectivas anedóticas com técnicos nos Centros de Emprego para exibição pública da sua miséria individual, etc..

Mais palavras para quê? É um artista português, pertencente ao Governo "socialista" que ostenta a desonra do maior ataque de sempre ao magro Estado Social português com que pretende consolar, sem sucesso, os insaciáveis "mercados financeiros" que, tal como Roma, "não pagam a traidores", por muito que estes, os auto-proclamados socialistas que engoliram a cartilha neoliberal, se esforcem por os contentar. É afinal um discípulo esforçado de Sócrates, o mestre de gastar as palavras e os conceitos usando-os no seu contrário.

Não diz Sócrates que é um defensor do Estado Social e da Justiça Social, ao mesmo tempo que rasga o acordo para elevar o SMN para 500 euros, chora lágrimas de crocodilo pela imoralidade do capital mas recusa a tributação dos muitos milhões distribuídos pela PT & Cª aos accionistas, satisfaz os patrões com apenas um aumento miserável do SMN de 33 cêntimos por dia e enterra milhares de milhões de euros dos contribuintes para satisfazer parcerias com os negócios dos privados e no buraco do BPN? Sempre fraco com os fortes e forte com os fracos...

Será que temos que inventar novas palavras, face à manipulação a que Sócrates submete conceitos que representaram a luta de gerações no século XX?

E uma raiva a nascer-nos nos dentes...

Henrique Sousa, da Direcção da ATTAC Portugal



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