Wikileaks: querem matar o mensageiro para esconder a mensagem!
A revelação pública, pela equipa de Julian Assange, de 251 287 documentos classificados do Departamento de Estado dos EUA, constituindo a maior fuga para o espaço público de documentação confidencial e secreta, têm confirmado a duplicidade do discurso dos poderosos e como tentam manipular, enganar e condicionar os cidadãos. Como refere o excelente trabalho da Visão, estes documentos "põem a descoberto a política externa norte-americana, trazem para a luz do dia os seus mecanismos e fontes, deixam em evidência as suas debilidades e obsessões e, no conjunto, facilitam a compreensão, por parte dos cidadãos, das circunstâncias em que se desenvolve o lado obscuro das relações internacionais".
Quando os governantes dos EUA e de outros países, os ditadores árabes e numerosos comentadores situacionistas reagem atacando e perseguindo Julian Assange, agora sujeito a mandato de captura internacional, querem matar o mensageiro em vez de esclarecerem a mensagem, para assim fugirem às suas responsabilidades políticas.
Como é que Hillary Clinton continua como Secretária de Estado de Obama, se for confirmado que deu instruções para que os diplomatas dos EUA fizessem espionagem da vida e actividade do Secretário-geral da ONU e de responsáveis políticos de outros países?
Que tem o Sr. Luís Amado, MNE de Portugal, a dizer das apreciações da Embaixada dos EUA em Lisboa, que em telegrama para o seu Governo refere a vantagem de o "acarinhar muito" (assim confirmando o seu conhecido alinhamento político com o "amigo americano" desde há muito) e reconhece que a actuação deste ministro, no caso do trânsito por Portugal de voos da CIA com detidos de Guantanamo «reflecte a pressão contínua política e dos media relativamente a este assunto» e «tornam os esforços de assistência do Governo de Portugal (GOP) à repatriação de detidos de Guantanamo ainda mais difíceis», ou seja, fala na conivência publicamente negada do Governo português para a passagem de voos da CIA com detidos por território nacional (a tradução parcial sublinhada do telegrama é publicada pelo insuspeito sítio web da Agência de Negócios, onde se pode ter acesso ao telegrama original e a mais informação)?
Wikileaks: se não existisse, não era a mesma coisa!
Henrique Sousa, da Direcção da ATTAC Portugal
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